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domingo, 25 de novembro de 2012

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo - 25 de Novembro

 
Tema: «É como dizes: Eu sou Rei!»

1ª Leitura: Dan 7, 13-14;

2ª Leitura: Ap 1, 5-8;

Evangelho: Jo 18, 33b-37.

Mensagem:

A Igreja conclui o ano litúrgico com uma grande festa a Jesus, chamando-o com o título de Rei. A solenidade atual foi instituída enquanto na Europa se formavam as grandes ditaduras; esta celebração teve a finalidade de afirmar a unicidade e a singularidade da realeza de Cristo, o «único» Rei justo.

Para festejar Cristo, rei do universo, a Igreja não nos propõe a narração duma manifestação esplendente. Mas, pelo contrário, coloca-nos diante da cena da paixão segundo S. João, na qual Jesus, humilhado e amarrado comparece perante Pilatos, representante dum grande império.

«Tu és o rei dos judeus?». A realeza de Jesus é o motivo de acusação, de tipo politico, o único que podia interessar ao procurador romano, indiferente em relação às questões religiosas, mesmo se na realidade a motivação da condenação de Jesus pelo sinédrio era de tipo religioso (a blasfémia, a pretensão de se fazer Deus).

Em vez duma resposta direta, mesmo que vaga, como lemos nos evangelhos sinópticos (Mt 27,11; Mc 15,2; Lc 23,3), João põe na boca de Jesus uma pergunta que traz à luz a responsabilidade dos judeus e dos sacerdotes na sua condenação: «Tu dizes isso por ti mesmo, ou outros to disseram de mim?».Porém, Pilatos coloca de novo a questão, embora de modo diverso: «Que fizeste?».

Jesus sempre resistiu às tentativas de o fazerem rei e, várias vezes, rejeitou essa possibilidade. Por isso, sossega o espírito de Pilatos: o reino dele é diferente, não é deste mundo, portanto não representa um perigo para os romanos. Mas, de facto, é Rei!

Para Jesus, apenas uma coisa conta: a verdade. Ele é a Verdade e, portanto, durante toda a sua vida serviu a verdade, deu testemunho da verdade. A verdade sobre o Pai, a verdade sobre a vida eterna, a verdade sobre a luta que o homem deve travar neste mundo, a verdade sobre a vida e sobre a morte. Eis o que é ser rei do universo: entrar na verdade e dar testemunho dela. Todos os discípulos de Jesus são chamados a partilhar a sua realeza, se «escutarem a sua voz».
 
 Fonte: Boa Nova de Domingo - Diocese de Aveiro (adaptação) 

 

domingo, 18 de novembro de 2012

XXXIII Domingo do Tempo Comum - 18 de Novembro

Tema: «Ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos»

1ª Leitura: Dan 12, 1-3;

2ª Leitura: Hebr 10, 11-14.18;

Evangelho: Mc 13, 24-32.



Mensagem:
Na leitura do evangelho deste Domingo Jesus começa por chamar a atenção aos seus discípulos para não se deixarem levar pelos muitos que surgirão a falar em nome dele para enganar. A história prossegue o seu curso caracterizado por guerras, tragédias, carestias, sofrimentos e, em particular, com perseguições de todo o género a atingir os discípulos que, por causa de Jesus, serão odiados.

Forças pagãs irão instalar-se no Templo, profanando-o, criando um ambiente de guerra e de medo e, uma vez mais, aparecerão os falsos profetas a aproveitarem-se da confusão. É preciso estar atento e ser perseverantes. É aqui que se insere o texto de hoje. A linguagem usada é uma série de citações do Antigo Testamento em estilo simbólico – linguagem apocalíptica – que, para nós hoje, se torna à primeira vista difícil de descodificar. Não se trata dum anúncio de desgraças mas, bem pelo contrário, um chamamento à confiança dos cristãos para um final feliz.

«O Sol vai escurecer-se… as estrelas cairão do céu». A linguagem forte que Jesus usa pretende significar que será um acontecimento único e irrepetível: a intervenção de Deus sacudirá a própria natureza e envolverá toda a criatura. Para a maior parte dos povos daquela época, os astros eram considerados deuses. O anúncio da sua queda é para significar a intervenção que Deus irá realizar sobre o mundo pagão e as suas forças sobre aqueles que seguem o Evangelho. Trata-se dum combate que Deus irá levar a cabo contra o mal. A comunidade dos crentes deve, pois, alegrar-se.

«O Filho do Homem», isto é, Jesus, que está para ser repudiado e moro pelos homens, aparecerá com todo o seu esplendor da sua glória de Ressuscitado e Senhor. Virá «sobre as nuvens», que são símbolo da presença de Deus, ou seja, num plano de igualdade com Deus. Será um acontecimento de salvação universal para os «eleitos» que serão reunidos de todos os lados.

O poder e a glória do mundo pagão cessarão para darem lugar ao «grande poder e glória» do Filho do Homem que virá para reunir os «eleitos», os seus amigos, aqueles que perseveraram, ou seja, os cristãos que se encontram por toda a parte. Por isso, há que ter confiança até ao fim. É este o coração do anúncio: um acontecimento muito alegre, que não deve ser temido como perigo mas deve ser desejado. À volta do Cristo glorioso serão reunidos todos os seus para refazer a família e celebrar a festa eterna.

É sugestiva a expressão usada por Jesus sobre a proximidade dos «últimos dias». Ele diz: «Sabei que isto está próximo, às portas». Esta imagem é usada também outras vezes na Escritura para exortar os crentes a estarem prontos para acolher o Senhor que passa. «Eis que o juiz está às portas» (Tg 5,9). E o livro do Apocalipse: «Eis que eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo» (3,20).

Quando será isso e qual o sinal de que todas estas coisas estão para acontecer? Jesus não se interessa com as datas. O que importa é a certeza da sua vinda final e a necessidade da perseverança no bem. Para a sua vinda gloriosa, Jesus empenha-se a si mesmo com uma solene afirmação: «O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão».

"O julgamento final" (1432-35) de Fra Angelico
Museu Nacional de S. Marcos, Florença (Itália)
 Fonte: Boa Nova de Domingo - Diocese de Aveiro (adaptação) 

domingo, 11 de novembro de 2012

XXXII Domingo do Tempo Comum - 11 de Novembro

Tema: «Ela, da sua penúria, deitou tudo quanto possuía»

1ª Leitura: 1 Reis 17, 10-16;

2ª Leitura: Hebr 9, 24-28;

Evangelho: Mc 12, 38-44.



Mensagem:

Jesus é um grande observador. Não é um daqueles que olham superficialmente sem ver as pessoas e as coisas como são realmente, mas é capaz de captar os verdadeiros sentimentos das pessoas, consegue revelar as intenções mais profundas e a pôr à luz o que muitas vezes fica escondido. Jesus não se deixa enganar pelos gestos religiosos amplos e vistosos dos escribas e fariseus. Por detrás da sua vida religiosa aparentemente íntegra, Cristo vê a sua maldade e afastamento dos verdadeiros ensinamentos de Deus.

Os escribas foram progressivamente ganhando importância na vida do povo hebreu: eram intérpretes oficiais da Lei de Deus, por isso apresentados como doutores da Lei, e proferiam as sentenças nos tribunais. Vestiam de forma diferente e pavoneavam-se ostensivamente nos lugares públicos, gostando se ser saudados de modo especial, com toda a reverência. Porque se consideravam importantes, naturalmente preocupavam-se em aparecer à frente de todos nos lugares de oração e nos banquetes para os quais eram sempre convidados.

A acusação de Jesus vai mais longe: servem-se da sua importância, aliada à ingenuidade das pessoas, para explorar os mais pobres, a pretexto de esmolas ou para os defenderem nos tribunais. E, como se não chegasse, fingem fazer longas orações para se mostrarem como homens santos. «Esses receberão sentença mais severa!».

A segunda parte do texto é uma contraposição. No Templo de Jerusalém havia a sala do Tesouro e aí, para quem queria fazer ofertas, também estavam as caixas para as ofertas; ao lado de cada uma encontrava-se um sacerdote a recebê-las. Isto fazia-se publicamente e, portanto, um observador podia fazer uma ideia de quanto oferecia cada um. A oferta da viúva é realmente miserável pois consiste em duas moedinhas, as de mais valor mais baixo. E Marcos procura traduzir para os seus leitores romanos, fazendo o câmbio para que eles entendessem: valia um quadrante.

À vaidade, à ostentação, à riqueza, ao fingimento, o evangelista contrapõe um modelo diferente: uma viúva pobre, que na sociedade da época representava o máximo da indigência e da falta de proteção a todos os níveis. Ela não chamou a atenção de ninguém, agiu discretamente, apresentando-se como uma autêntica discípula de Jesus, mesmo sem o conhecer. Não ofereceu muitas moedas, mas poucas, tudo o que tinha. Manifestou, desta forma, todo o seu empenho de vida e todo o seu amor a Deus. Por isso, deu muito mais que todos os outros.

Fonte: Boa Nova de Domingo - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 28 de outubro de 2012

XXX Domingo do Tempo Comum - 28 de Outubro

Tema: «Vai, a tua fé te salvou»

1ª Leitura: Jer 31, 7-9;

2ª Leitura: Hebr 5, 1-6;

Evangelho: Mc 10, 46-52.

"Jesus cura o cego de Jericó" (1650) de Nicolas Poussin
Pintura exposta no Museu do Louvre, Paris
 Comentário:
No seu caminho para Jerusalém, Jesus está a percorrer a última etapa. É acompanhado pelos discípulos e por grande multidão de seguidores. Depois de Jericó, não há mais nada até Jerusalém, que fica a 27 quilómetros. Através de gestos e palavras tinha procurado anunciar a Boa Nova e revelar a sua Pessoa, mas sem grandes resultados. Mesmo os três anúncios da paixão e ressurreição não surtiram o efeito desejado, como se pode ver pelas reações dos discípulos: Pedro, o grupo que discute os primeiros lugares, os dois irmãos que pedem lugares especiais na glória. Jesus já se tinha queixado da cegueira daqueles que o seguiam: «Tendes olhos e não vedes?». Muitos o acompanhavam, mas estavam longe de realizar o convite de Jesus: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me».

Neste contexto, a página do evangelho de hoje surge não apenas como a recordação de mais uma cura prodigiosa de Jesus mas como uma verdadeira lição. A narração é muito colorida e viva, cheia de pormenores. O evangelista poderia tê-la recolhido duma testemunha ocular: talvez Pedro, de quem Marcos foi discípulo.

Um cego está sentado à beira do caminho, imobilizado, incapaz de viver como os outros, proibido pela Lei de entrar no Templo, esperando as esmolas. Mas não está conformado… Tinha ouvido falar de Jesus e eis que ele agora passa ali. Grita. Pede misericórdia. Mas existem obstáculos a ultrapassar. O primeiro obstáculo é o grupo que rodeia Jesus e que o manda calar. Mas não desanima: continua a gritar, conseguindo «ver» em Jesus o Filho de David, um título popular para designar o Messias. Apesar de ser cego, «» algo que muitos não tinham visto, porque «cegos».

Os mesmos que o impedem são agora convidados a serem intermediários: «Chamai-o», diz Jesus.

O homem, no seu desejo de mudança de vida, atira fora a capa e dá um salto até Jesus. A única riqueza que possuía, a capa em que estava embrulhado, é empecilho de que se liberta para a busca dum bem maior. Começa a tornar-se verdadeiro discípulo, deixando os seus bens.

A procura da luz física na pessoa de Jesus, a quem o cego chama Mestre (Rabbúni, em aramaico) é também um sinal da luz da fé que já vai brilhando dentro daquele homem. «A tua fé te salvou!».

Operou-se agora uma mudança radical. Aquele que, quando era cego fisicamente, já conseguia «ver» alguma coisa acerca de Jesus, agora assume-se como verdadeiro discípulo: «segue» Jesus pelo caminho.

Fonte: Boa Nova de Domingo - Diocese de Aveiro (adaptação)     


domingo, 21 de outubro de 2012

XXIX Domingo do Tempo Comum - 21 de Outubro

Tema: O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida

1ª Leitura: Is 53, 10-11

2ª Leitura: Hebr 4, 14-16

Evangelho: Mc 10, 35-45


Mensagem:
Ao cobiçar os primeiros lugares, os mais altos cargos e as honras mais elevadas, os dois irmãos, Tiago e João, queriam, na minha opinião, ter autoridade sobre os outros. É por isso que Jesus Se opõe à sua pretensão, e põe a nu os seus pensamentos secretos dizendo-lhes: «Quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos.» Por outras palavras: «Se ambicionais o primeiro lugar e as maiores honras, procurai o último lugar, aplicai-vos a tornar-vos os mais simples, os mais humildes e os mais pequenos de todos. Colocai-vos atrás dos outros. Tal é a virtude que vos trará a honra a que aspirais. Tendes junto a vós um exemplo notável: 'Pois também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por todos' (Mc 10,45). Eis como obtereis glória e celebridade. Olhai para Mim: Eu não procuro honras nem glória e, no entanto, o bem que faço é infinito.»

Bem sabemos que, antes da Incarnação de Cristo e da Sua vinda a este mundo, tudo estava perdido e corrompido; mas, depois de Ele Se ter humilhado, tudo restabeleceu. Aboliu a maldição, destruiu a morte, abriu o paraíso, acabou com o pecado, escancarou as portas do céu para levar para lá as primícias da nossa humanidade. Propagou a fé em todo o mundo. Expulsou o erro e restabeleceu a verdade. Fez subir a um trono real as primícias da nossa natureza. Cristo é o autor de bens infinitamente numerosos, que nem a minha palavra nem nenhuma palavra humana poderiam descrever. Antes da Sua vinda a este mundo, só os anjos O conheciam; mas, depois de Ele Se ter humilhado, toda a raça humana O reconheceu.
São João Crisóstomo (c. 345-407), 
Presbítero de Antioquia, Bispo de Constantinopla, Doutor da Igreja 

domingo, 14 de outubro de 2012

XXVIII Domingo do Tempo Comum - 14 de Outubro

Tema: «Quem pode salvar-se?»

1ª Leitura: Sab 7, 7-11

2ª Leitura: Hebr 4, 12-13

Evangelho: Mc 10,17-30


Comentário:
O evangelista começa por recordar que Jesus está a caminho de Jerusalém, onde completará a sua missão de entrega, doação e serviço. Por outro lado, já tinha feito dois anúncios da paixão, com o convite feito a todos a seguir o mesmo caminho e com as respetivas incompreensões por parte dos discípulos.

O texto apresenta-nos um homem sincero, cumpridor dos mandamentos, o que, segundo a mentalidade da época já era o suficiente para «merecer» a vida eterna. Mas este homem procura algo mais. Tem consciência que a vida eterna não se merece, mas alcança-se por herança, é dada gratuitamente por Deus. A resposta que ele dá a Jesus leva-nos a concluir que não se trata duma pessoa muito jovem (como acontece no texto paralelo de Mt 19,20)

Jesus olha para ele com simpatia, fazendo-lhe uma segunda proposta na linha do convite antes feito a todos: o não apego aos bens, a ajuda aos pobres e a segui-lo. Aqui reside a maior dificuldade daquele homem que, apesar de observar piedosamente a lei, está demasiado agarrado aos seus bens.

A lição de Jesus mostra a impossibilidade de conciliar o Reino de Deus com o apego às coisas. Quem está encerrado em si mesmo, cheio e rico de si mesmo, está encerrado a uma abertura aos outros e a Deus.

Para a mentalidade da época, Deus abençoava com os bens da terra (saúde, filhos, longa vida, riquezas) aqueles que cumpriam os mandamentos e, por isso, eram considerados justos. Daí que ter saúde, muitos filhos, ter longa vida e ser rico era um sinal de bênção para quem era bom e justo. Daí a incompreensão perante o que Jesus diz: «É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus». Trata-se dum dito autêntico de Jesus em forma de provérbio. Existe a versão em que a palavra kamelos («camelo») é substituída por kamilos («amarra», corda grossa usada nas embarcações. De qualquer modo, o provérbio salienta uma impossibilidade. Por isso, a exclamação de Pedro: «Se este não se salva, quem poderá salvar-se?»

O apelo de Jesus é a uma visão diferente da vida e das coisas. Não se trata duma renúncia das coisas pela renúncia em si mesma mas por um valor maior: seguir Jesus e o anúncio do evangelho. São valores que só podem ser vistos com os olhos de Deus. Nem todos estão em condições de perceber esta forma de vida, pelo que quem a vive terá de enfrentar oposições, perseguições. Mas existe uma garantia de felicidade (cem vezes mais) para quem faz esta opção de renúncia de si mesmo e a certeza de ter a vida eterna.
Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)     

domingo, 7 de outubro de 2012

XXVII Domingo do Tempo Comum - 7 de Outubro

Tema: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino não entrará nele»

1ª Leitura: Gen 2, 18-24

2ª Leitura: Hebr 2, 9-11

Evangelho: Mc 10, 2-16



Mensagem:

Os mestres religiosos do tempo de Jesus e os fariseus em geral não punham questões acerca da liceidade do divórcio, até porque estava previsto na Lei de Moisés, mas acerca dos motivos do divórcio. Na prática, qualquer motivo servia para que um homem pudesse rejeitar a sua mulher.

Um aspecto que está subjacente é a superioridade do homem sobre a mulher que funcionava quase como propriedade do marido. Por conseguinte, se uma mulher era rejeitada pelo marido (e no povo israelita só o marido podia repudiar a mulher) não podia voltar para a casa do seu pai, porque este já não tinha autoridade sobre a filha porque tinha recebido o mohar (espécie de dote) dado pelo marido e, portanto, não a podia receber. Também não se podia unir a outro homem porque «pertencia» ao primeiro. A carta de repúdio, ordenada por Moisés (Dt 24,1) vem, assim, procurar remediar uma situação, libertando a mulher do elo que a unia ao marido, no caso de ser expulsa de casa. Esta lei surge, assim, por causa da «dureza de coração» dos homens.

Solicitado por alguns fariseus que procuram embaraçá-lo, Jesus não hesita em declarar-se até contra Moisés, considerado pelos hebreus como a fonte das suas normas de vida. Moisés admitiu que o marido pode repudiar a mulher; mas há uma autoridade muito acima de Moisés, e é essa que se deve respeitar.

Jesus não vem dar leis sobre o assunto, mas tira consequências do plano original de Deus. Este projecto parte da dignidade profunda e da igualdade de direitos e deveres do homem e da mulher. Deus criou o Homem, a humanidade, macho e fêmea. A união do homem e da mulher representa, assim, uma plenitude, uma «coisa só», em que não existe proprietário e propriedade mas um enriquecimento mútuo. Nesta perspectiva, Jesus chama a atenção para o facto de poder haver «adultério» quer por parte do homem quer por parte da mulher, no caso de qualquer deles deixar o outro.

As palavras «E se ela repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério» são nitidamente uma adaptação do texto evangélico à realidade do mundo greco-romano em que também a mulher podia pedir o divórcio. Não devemos esquecer que Marcos está a escrever o seu evangelho em Roma, para os cristãos dessa cidade.

A segunda parte do texto aparentemente nada tem a ver com a anterior. Uma vez mais se chama a atenção para o acolhimento a dar às crianças, àqueles que não têm direitos, aos desprotegidos, a todos os «pequenos».

Mas a lição mais profunda é o apelo a receber o Reino como uma criança. Isto significa imitar a criança na sua confiança para com os pais, intuindo o seu amor e solicitude, porque quanto eles lhe permitem ou lhe proíbem é só para seu bem. O Reino é uma iniciativa, um projecto de Deus que deve ser recebido com toda a confiança e simplicidade, renunciando, deste modo, a analisar e a discutir o plano de Deus com as nossas convicções, com a «dureza do nosso coração».



Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)   

domingo, 23 de setembro de 2012

XXV Domingo do Tempo Comum - 23 de Setembro

Tema: «Se alguém quiser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos.»

1ª Leitura: Sab 2, 12.17-20

2ª Leitura: Tg 3, 16-4,3

Evangelho: Mc 9, 30-37

 

Mensagem:
Depois da cena da transfiguração e da cura dum epilético endemoninhado, Jesus caminha através da Galileia. Quer estar longe das multidões pois tem o propósito de continuar a ensinar os seus discípulos.

O ensino começa, uma vez mais, com um anúncio da paixão, na linha do primeiro (8,31) que foi proclamado no Domingo passado, mas com a nota fundamental de que «será entregue nas mãos dos homens», numa linguagem verbal passiva que tem como sujeito o próprio Deus: «Deus vai entregar».

Tal como Pedro não compreendeu o 1º anúncio, agora é todo o grupo que não compreende, apesar da clareza com que Jesus fala. Recusam-se a aceitar o projeto de Deus para o Messias, que deve passar pelo sofrimento e pela morte. Não fazem objeções, lembrando-se da resposta de Jesus a Pedro, mas discordam completamente no seu íntimo.

«Que discutíeis pelo caminho?». Agora em casa, provavelmente de Pedro, Jesus tem oportunidade de, serenamente, continuar a ensinar. O evangelista Marcos refere o motivo da discussão: qual deles seria o maior.

Esta discussão insere-se perfeitamente na lógica dos judeus da época, com os seus esquemas bem definidos de hierarquias, na sociedade, nos banquetes, nas sinagogas. Sendo assim, no reino do Messias eles, que tinham sido escolhidos por Jesus, iriam ter a predominância. Mas qual a ordem entre eles? Quem era o primeiro?

A lição de Jesus é esclarecedora: na nova comunidade o primeiro lugar é para aquele que serve. Quando todos estão ao serviço uns dos outros, então estarão ao mesmo nível, em primeiro lugar. E este serviço deve ser prestado aos mais pequenos, aqui representados numa criança, sujeito sem direitos nem lugar na comunidade judaica enquanto aos 12/13 anos não se tornasse membro efetivo do Povo de Deus pela cerimónia do bar mitzvah.

Para não haver dúvidas, Jesus apresenta-se, a si mesmo e ao Pai, como identificados com os mais pequenos e no serviço a eles prestado.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação) 

domingo, 16 de setembro de 2012

XXIV Domingo do Tempo Comum - 16 de Setembro

Tema: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me»

1ª Leitura: Is 50,5-9a

2ª Leitura: Tiago 2,14-18

Evangelho:  Mc 8,27-35

Mensagem:
A confissão de Pedro marca a divisão do evangelho de Marcos em duas partes. De facto, nota-se que, até a certo ponto do Evangelho, Marcos insiste na compreensão do «reino», e daí para diante na adesão ao «reino».

Na primeira parte, Jesus lamenta-se que os homens têm o coração endurecido, que os discípulos não sabem compreender as parábolas mais simples, como a do semeador, nem o significado dos milagres. Jesus pede a «inteligência» do «reino»: «Quem tem ouvidos para compreender, compreenda». A sua pregação, especialmente através do véu das parábolas, tem precisamente como finalidade suscitar esta «compreensão», despertar as mentes para que se esforcem por abrir-se ao significado da mensagem.

Durante a primeira parte, jesus nunca fala de si, não diz quem é, deixando que cada um o vá descobrindo mais através dos seus gestos do que das suas palavras. Agora, porém, começa algo diferente, desencadeado pela pergunta: «Quem dizem os homens que Eu sou?».

Os discípulos referem a Jesus o que se dizia acerca dele. Jesus é identificado com personagens do passado. Mas Pedro vai apontá-lo como alguém do presente e lançado para o futuro: «Tu és o Cristo!».

A resposta é correta mas corre o risco de ser mal interpretada no sentido dum messianismo real, glorioso, triunfalista, tal como Pedro pensava.

Por isso, Jesus «começou a ensinar»… E é feito o 1º anúncio da paixão e ressurreição. É preciso esclarecer o verdadeiro sentido do seu caminho, a escolha da qual não se quer desviar. Quem o quiser fazer é um tentador, um Satanás. Após cada um dos anúncios da paixão, Marcos apresenta sempre a reação dos discípulos, contrária a tudo o que Jesus acabou de dizer.

A partir de agora, a insistência de Jesus já não está em compreender o mistério do «reino», em abrir os olhos e os ouvidos, mas em fazer algo pelo «reino», em dar-se a si mesmo, a própria vida, empenhando-se pessoalmente. Só quem perde a própria vida é que a salvará; é preciso deixar casa, parentes e campos pelo «evangelho» e pela vida eterna; mesmo os membros corporais devem ser sacrificados pelo «reino»; é igualmente nesta segunda parte do evangelho que aparece com insistência o tema de «entrar» no reino, ausente nos primeiros capítulos do evangelho.

O evangelho de Marcos apresenta-se com uma manifestação progressiva da pessoa de Jesus, a partir de agora mais clarificada, partindo da afirmação intermédia: «Tu és o Cristo» para chegar à declaração mais completa de Jesus como Filho de Deus.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 9 de setembro de 2012

XXIII Domingo do Tempo Comum - 9 de Setembro

Jesus cura um homem surdo
Tema: «Faz tudo bem feito»

1ª Leitura: Is 35,4-7a

2ª Leitura: Tiago 2,1-5

Evangelho:  Mc 7, 31-37

Mensagem:

Por vezes, Marcos apresenta-nos o ministério de Jesus fora do território de Israel. É o caso do presente texto. Realizar um milagre fora o clássico território de Israel significa a abertura universal do Evangelho. Todos, seja qual for a origem ou a cultura podem ser tocados pela misericórdia de Deus e atingidos pela sua Palavra. Por isso, a cura descrita nesta página do evangelho de Marcos tem um profundo significado simbólico.

Algumas pessoas apresentam a Jesus um homem, naturalmente de origem pagã. Tem a particularidade de ser surdo e, portanto, de não conseguir falar. Para a mentalidade dos contemporâneos de Jesus, a surdez era um grande castigo de Deus, vista como maldição, na medida em que impedia a pessoa de ouvir a palavra de Deus. Estava, pois, impedido de chegar à salvação.

Depois de se afastar da multidão para poder haver um contacto direto, íntimo entre ele e o doente, Jesus, com gestos típicos da época, toca no surdo-mudo, não sem antes erguer os olhos ao céu, em atitude de oração, e diz-lhe, em aramaico: «Effathá», que quer dizer «abre-te». E o homem começou a ouvir e, o mais admirável, a falar corretamente. Agora está em condições de ouvir e de poder falar, isto é, de escutar a Palavra e de poder comunicar com Deus.

O texto termina com a recomendação de Jesus, na linha do segredo messiânico, a que ninguém divulgasse o acontecimento. Mas o resultado, como habitualmente, é o contrário: o facto é apregoado pela multidão extasiada que vê em Jesus a realização da profecia de Isaías (35,5-6).

Por trás deste texto, Marcos apresenta a catequese batismal que a igreja primitiva conservou e chegou aos nossos dias.



Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 2 de setembro de 2012

XXII Domingo do Tempo Comum - 2 de Setembro

Tema: «É do interior do coração dos homens»

1ª Leitura: Dt 4,1-2.6-8

2ª Leitura: Tg 1,17-18.21-22.27

Evangelho:  Mc 7,1-8.14-15.21-23

Mensagem:

O confronto de Jesus com os fariseus e doutores da Lei vindos de Jerusalém não apresenta propriamente um extremar de posições mas uma chamada de atenção para o essencial. É muito natural que Jesus e os seus discípulos cumprissem habitualmente a pureza legal e ritual tão usual e comum a todos os judeus e que, para os fariseus, constituía um preceito a cumprir rigorosamente sob pena de se estar a cometer um pecado.
Jesus não nega esta prática exterior mas aponta para o interior. Mais importante que a pureza do exterior é a pureza do coração.

 

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

sábado, 25 de agosto de 2012

XXI Domingo do Tempo Comum - 26 de Agosto

Tema: «Tu tens palavras de vida eterna! E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus»

1ª Leitura: Jos 24,1-2a.15-17.18b;

2ª Leitura: Ef 5,21-32;

Evangelho:  Jo 6, 60-69

Mensagem:

Aparentemente, o discurso de Jesus sobre o Pão da Vida acaba mal. Já não são as multidões, que andavam à procura de alimento e de curas, a murmurarem, mas os discípulos, isto é, aqueles que, além dos Doze, seguiam habitualmente Jesus.

Jesus tinha pedido que eles unissem as suas vidas à sua própria vida, numa adesão plena não apenas às suas Palavras mas à sua Pessoa. Ele apresentou a proposta radical do Evangelho que pode ser aceite ou não.

O Evangelho é anunciado não só àqueles que podem constatar fisicamente a pessoa de Jesus mas, de modo particular, àqueles que o seguem mesmo depois da sua partida para o Pai, não podendo ter um contacto sensível com Jesus. É pedida uma fé ainda maior.

A liberdade de Jesus é total. Não procura entusiastas que o admirem, o louvem, enquanto podem ser servidos nos seus interesses imediatos, mas apresenta propostas de Vida que comporta exigências. E Jesus respeita a liberdade de cada um, conhecendo perfeitamente o íntimo de cada um. Perante a recusa em aceitar a sua proposta e mesmo com a atitude da maior parte dos discípulos em deixarem de o seguir, Jesus não muda o seu discurso nem tenta explicar melhor. Pelo contrário, radicaliza a sua proposta, sem medo de ficar sozinho: «Também vós quereis ir embora?».

O final do texto apresenta uma confissão de fé: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna! E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». Longe de entenderem completamente todas as coisas ditas por Jesus, alguns aderem à sua pessoa, continuando a confiar. É a fé que Jesus espera dos que o seguem.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 12 de agosto de 2012

XIX Domingo do Tempo Comum - 12 de Agosto

Tema: «Eu sou o Pão Vivo vindo do Céu»

1ª Leitura: 1 Reis 19, 4-8;

2ª Leitura: Ef 4, 30-5,2

Evangelho: Jo 6, 41-51

Mensagem:
Quando Jesus se apresenta como o Pão descido do céu, isto é, como o Messias, naturalmente a multidão reage e alguns até conheciam a sua origem e a sua família. Jesus, em vez de procurar dar explicações difíceis ou até impossíveis de entender ainda hoje prefere colocar as coisas na sua verdadeira dimensão.

Conciliar a origem humana de Jesus com a sua origem divina só se consegue com o dom da fé que é sempre um dom de Deus. Ninguém consegue captar esta dupla dimensão se não for atraído pelo Pai, o único que pode ensinar. Quem crê em Jesus tem a vida para sempre.

A parte final do texto dá um passo em frente. Já não se trata duma comparação com o maná do deserto mas da declaração da necessidade de comer a sua carne para ter a Vida. Devemos recordar que a primeira grande afirmação inicial do evangelho de S. João: «O Verbo fez-se Carne». Comer a carne de Jesus significa assimilar a plenitude da vida de Jesus que garante e antecipa a posse da vida eterna.





Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 5 de agosto de 2012

XVIII Domingo do Tempo Comum - 5 de Agosto

Tema: «Eu sou o Pão da Vida»

1ª Leitura: Ex 16, 2-4, 12-15

2ª Leitura: Ef 4, 17.20-24

Evangelho: Jo 6, 24-35

 

Mensagem:

O entusiasmo da multidão depois da multiplicação dos pães e dos peixes é enorme. Jesus, sabendo que viriam ter com ele para o fazerem rei, retirou-se para o monte. Durante a noite atravessou o lago, a pé, indo ter com os discípulos. Mas a multidão não desanima e vai à procura dele, encontrando-o em Cafarnaum, na sinagoga. Jesus, na sua conversa com a multidão que o procura, faz o seu discurso do Pão da Vida, que começamos a ler neste domingo.

A primeira chamada de atenção é para o que representou a multiplicação: um sinal que não vale por si mesmo mas por aquilo que representa: uma lição sobre o amor, o serviço aos outros e a partilha. Mas não é isto que a multidão entusiasma procura. O seu interesse está ligado ao alimento fácil que tinha recebido na véspera. Por isso Jesus começa a apontar para algo superior.

A primeira exigência feita por Jesus àqueles que procuram um alimento que perdura até à vida eterna é uma adesão incondicional à pessoa dele e ao seu projeto. Porém a multidão exige uma prova concreta para esta adesão incondicional, o que naturalmente provoca a comparação com a figura de Moisés e com o maná do deserto. Jesus tinha alimentado cinco mil pessoas e Moisés alimentou todo um povo durante quarenta anos!

De facto – corrige Jesus – não foi Moisés quem alimentou mas sim o Pai. E é o mesmo Pai quem dará o verdadeiro Pão do Céu. E Jesus não é alguém que vem trazer pão: Ele é o Pão da Vida.

Os mestres judeus acreditavam e ensinavam que havia no céu um resto de maná que desceria do céu quando viesse o Messias. Numa palavra, o Messias é o Pão do Céu que dá a vida. Por isso a primeira grande afirmação de Jesus: Eu sou o Pão da Vida…

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)   

terça-feira, 31 de julho de 2012

XVII Domingo do Tempo Comum - 29 de Julho

Tema: A multiplicação dos pães

1ª Leitura: 2 Re 4, 42-44

2ª Leitura: Ef 4, 1-6

Evangelho: Jo 6, 1-15


Mensagem:

No domingo passado acompanhámos a chegada dos discípulos enviados em missão e o convite que Jesus lhes fez para irem descansar um pouco. Porém as multidões surgem de novo e Jesus compadece-se daquela gente por eram como ovelhas sem pastor e pôs-se a ensiná-los. Segue-se, em Marcos, a 1ª multiplicação dos pães. Porém não vamos acompanhar este evangelho mas sim o de S. João com o discurso do pão da vida que se segue. Isto deve-se ao facto de o evangelho se Marcos ser mais pequeno que qualquer um dos outros e não ter matéria suficiente para todos os domingos.

O episódio conhecido como a multiplicação dos pães é o único «milagre» comum aos quatro evangelistas mas que S. João prefere chamar «sinal». Aliás, a tudo aquilo a que habitualmente chamamos «milagre» João chama-lhe «sinal», precisamente porque representa sempre algo que não se vê exteriormente.

Desde o princípio do evangelho que João vai fazendo uma apresentação de Jesus em confronto com a figura de Moisés. Ao chamar a atenção para a proximidade da Páscoa dos Judeus, fornece uma chave de leitura. Jesus, tal como Moisés, atravessou o mar, acompanhado por uma grande multidão a quem vai alimentar, não apenas com um simples pão/maná mas com o verdadeiro Pão descido do céu.

O facto de não referir na última Ceia a instituição da Eucaristia deve concentrar-nos nesta cena e no discurso que se irá seguir como a grande lição que o evangelista quer dar sobre o Pão / Carne que Jesus distribui.

Jesus toma a iniciativa de querer alimentar a multidão. Os discípulos começam por fazer os cálculos para rapidamente concluir que é impossível alimentar a multidão. A única coisa de que dispõem pertence a um rapazito: cinco pães de cevada e dois peixes, alimento pobre usado pelos pobres. E é precisamente isto que vai chegar para todos!

A mensagem fundamental que nos é apresentada aponta não para a multiplicação de pães mas para o sentido da partilha que os seguidores de Jesus, tornando-se pequenos, devem realizar para com os irmãos.

O gesto de Jesus é simples: tomou os pães, deu graças e distribuiu-o aos presentes. Mas o leitor ou ouvinte já crente facilmente lança o olhar para o gesto eucarístico de que este é um «sinal».

A multidão presente começa a descobrir alguma coisa: Jesus é o Profeta que estaria para vir de que fala o livro do Deuteronómio (18,5: um profeta como Moisés). A Sagrada Escritura conservava a referência ao que «milagre» realizado pelo profeta Eliseu, alimentando 100 pessoas com 20 pães de cevada. O que Jesus fez ultrapassa tudo. Mas Jesus é mais do que o Profeta anunciado e mais do que um Rei que se limite a dar a comer um alimento exterior. Por isso foge da multidão. Não aceita ser instrumentalizado.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)    

domingo, 22 de julho de 2012

XVI Domingo do Tempo Comum - 22 de Julho

Tema: «Teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor»

1ª Leitura: Jer 23, 1-6

2ª Leitura: Ef 2, 13-18

Evangelho: Mc 6, 30-34
"Jesus diz aos Discípulos para descansarem" (James Tissot, 1886-96)
 Comentário:
Pela primeira e única vez em todo o evangelho de Marcos, os Doze que tinham sido enviados por Jesus dois a dois e agora regressam são chamados Apóstolos (= enviados). E prestam contas a Jesus de quanto fizeram e ensinaram. Agora são convidados a ir para um lugar deserto e descansar. Ao longo do evangelho de Marcos, várias vezes Jesus se retira com os discípulos, ou apenas com alguns deles, para lhes falar em particular.

A intenção de Jesus é boa: é necessário descansar um pouco para retemperar as forças. O grupo dos Doze é apontado como exemplo para todos os que estão ao serviço do Evangelho: nem tinham tempo de comer… Esta tinha sido já uma das razões (3,20) que levaram a família de Jesus à sua procura para o levar para casa.

Mas é o próprio Jesus quem quebra o descanso ao ver as multidões. Marcos apresenta a atitude de Jesus como algo que nasce do interior: sentiu um sentimento de compaixão profundo (usa o verbo grego splagknízomai = sentir mover as vísceras) que o Antigo Testamento apresenta ao falar de Deus. É o mesmo sentimento (e o mesmo verbo) que Jesus tem perante o leproso que lhe suplica a cura (1,40-41). Aqueles que deviam ser pastores, conforme já denunciava séculos antes o profeta Ezequiel, (escribas, fariseus, rabis, chefes do povo, sacerdotes do templo) descuidavam o rebanho que, por isso, andava desorientado, com fome.

O lugar deserto onde se encontravam é o espaço para dar o alimento de que aquela gente precisa: o alimento da Palavra (começou a ensinar-lhes muitas coisas) e o alimento do pão que se vai seguir.



Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)   

domingo, 15 de julho de 2012

XV Domingo do Tempo Comum - 15 de Julho

Tema: «Arrependei-vos e crede na Boa Nova»

1ª Leitura: Amós 7, 12-15

2ª Leitura: Ef 1, 3-14

Evangelho: Mc 6, 7-13


Mensagem:
O texto deste domingo apresenta-nos o envio em missão dos Doze, com o respetivo discurso. Jesus envia os Doze, isto é, a todos. No anúncio do Evangelho ninguém pode ser ficar de fora ou excluir-se a si mesmo. A mensagem proclamada por Jesus deve ser assumida e continuada em comunidade (dois a dois) com o poder sobre as forças (espíritos imundos) que afastam de Deus e da vida autêntica.

Jesus envia os Apóstolos em missão
A grande riqueza que os enviados têm consiste na força da Palavra e, por isso, esta missão deve ser desempenhada com simplicidade e despojamento. O único objeto permitido é o bastão, a arma do pobre, mas também aquilo que ajuda a caminhar as longas distâncias a percorrer. Também a Moisés foi entregue o cajado para a missão de libertação do povo oprimido no Egito.

O anúncio evangélico consiste em ir ao encontro das pessoas onde se encontram, nas suas localidades e nas suas casas. E qualquer casa serve para estar durante a missão, não devendo andar à procura de outra melhor.

Aos enviados em missão compete fazer o anúncio que pode ser bem acolhido ou não, tal como aconteceu como Jesus. Se não forem acolhidos na sua missão, isto é, no caso de rejeição do Evangelho, os discípulos nada devem a ter em comum com aqueles que os rejeitaram. Sacudir os pó dos pés era um gesto antigo que os israelitas em geral faziam quando deixavam território pagão para entrar na sua terra, considerada terra santa.

O importante é sempre o convite feito a todos a uma mudança de vida, na linha da pregação de Jesus: «Arrependei-vos e crede na Boa Nova». O sinal da força deste anúncio está na vitória sobre todas as forças do mal, físico ou moral.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)  

domingo, 8 de julho de 2012

XIV Domingo do Tempo Comum - 8 de Julho

Tema: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder»

1ª Leitura: Ez 2,2-5

2ª Leitura: 2Cor 12,7-10

Evangelho: Mc 6, 1-6

Mensagem:
A liturgia deste domingo revela que Deus chama, continuamente, pessoas para serem testemunhas no mundo do seu projeto de salvação. Não interessa se essas pessoas são frágeis e limitadas; a força de Deus revela-se através da fraqueza e da fragilidade desses instrumentos humanos que Deus escolhe e envia.

A primeira leitura apresenta-nos um extrato do relato da vocação de Ezequiel. A vocação profética é aí apresentada como uma iniciativa de Jahwéh, que chama um “filho de homem” (isto é, um homem “normal”, com os seus limites e fragilidades) para ser, no meio do seu Povo, a voz de Deus.

Na segunda leitura, Paulo assegura aos cristãos de Corinto (recorrendo ao seu exemplo pessoal) que Deus atua e manifesta o seu poder no mundo através de instrumentos débeis, finitos e limitados. Na ação do apóstolo – ser humano, vivendo na condição de finitude, de vulnerabilidade, de debilidade – manifesta-se ao mundo e aos homens a força e a vida de Deus.

O Evangelho, ao mostrar como Jesus foi recebido pelos seus conterrâneos em Nazaré, reafirma uma ideia que aparece também nas outras duas leituras deste domingo: Deus manifesta-Se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Quando os homens se recusam a entender esta realidade, facilmente perdem a oportunidade de descobrir o Deus que vem ao seu encontro e de acolher os desafios que Deus lhes apresenta.

Fonte: dehonianos (adaptação)

domingo, 1 de julho de 2012

XIII Domingo do Tempo Comum - 1 de Julho

Tema: «Não tenhas receio. Crê somente.»

1ª Leitura: Sab 1, 13-15: 2, 23-24

2ª Leitura: 2 Cor 8, 7.9.13-15

Evangelho: Mc 5, 21-43

"Cristo e a mulher com fluxo de sangue" (1565-1570) de Paolo Veronese
Pintura exposta no Museu da História de Arte, Viena (Áustria)


Mensagem:
Este texto do evangelho de S. Marcos apresenta-nos dois episódios que se entrelaçam, aparentemente distintos um do outro, mas que de alguma forma se completam um ao outro: o pedido de socorro de Jairo pela filha de doze anos que está a morrer, a mulher que sofre há doze anos e é curada ao tocar em Jesus e, finalmente, a constatação da morte da menina e a sua ressurreição ao toque e à palavra de Jesus.

A mulher que tinha um fluxo de sangue encontrava-se numa situação de morte perante a Lei e a sociedade. A doença tornava-a estéril, considerada castigo e maldição por parte de Deus, impura perante a Lei e, por isso, impedida de se aproximar dos outros. Toda a gente a considerava como morta. Daí o medo com que toca em Jesus e, mais ainda, quando foi descoberta no seu gesto. Ela tinha feito tudo o que lhe era possível («gastara todos os seus bens») para readquirir a vida. Mas não perdeu a esperança e a fé.

Muita gente tocou em Jesus («Vês que a multidão te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’») mas só aquela mulher tocou em Jesus com fé: «Filha, a tua fé salvou-te».

É a mesma atitude de fé que Jesus pede a Jairo perante a realidade da morte efetiva da filha («Não tenhas receio; crê somente») e perante a troça e o conselho de toda a gente ali presente («A tua filha morreu; de que serve agora incomodares o Mestre?»).

Acompanhado pelos primeiros discípulos que chamou (que vão aparecer em momentos fundamentais) e pelos pais, Jesus aproxima-se da menina. S. Marcos recorda com simplicidade este acontecimento, tal como lhe deve ter narrado Pedro que a ele assistiu. Jesus pegou-lhe na mão e disse: «Talitha qûm!» (Menina, levanta-te). E ela ergueu-se do sono da morte.

O evangelista, depois de apresentar o poder de Jesus sobre os elementos da natureza (tempestade acalmada) e sobre o mal (cura do endemoninhado), mostra-nos Jesus que se deixa tocar e se sente tocado pela fé da mulher e de Jairo, restituindo a vida plena. Embora agindo com a força de Deus, Jesus age com toda a humanidade: não sabe quem lhe tocou e é a mulher a denunciar-se. Depois de fazer o que só ele podia, preocupa-se com a comida da menina, algo que os pais podem e devem fazer. E, uma vez mais, recomenda que ninguém saiba do sucedido.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação) 

domingo, 24 de junho de 2012

Solenidade do Nascimento de S. João Batista - 24 de Junho

Tema: «Que virá a ser este menino?»

1ª Leitura: Is 49, 1-6

2ª Leitura: Act 13, 22-26

Evangelho: Lc 2, 57-60.80

"A atribuição do nome a S. João Batista" (1434-35) de Fra Angélico
Pintura exposta no Museu do Prado, Madrid
 Mensagem:
Conforme o anjo tinha anunciado a Zacarias, Isabel deu à luz um filho. Também os festejos tinham sido anunciados: «Terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento». Para o povo judeu a circuncisão feita no oitavo dia do nascimento era uma sinal da aliança concluída entre Yahweh e a nação. O cumprimento deste rito não era reservado aos sacerdotes pois até as mulheres, pelo menos numa época tardia, podiam circuncidar, mas o costume devia ser o de mandar vir o encarregado local.

No tempo de Jesus só no momento da circuncisão o menino recebia o nome. Pode ligar-se este uso ao facto de Deus ter mudado o nome de Abraão e de Sara com a declaração sobre a lei da circuncisão (Gn 17,5.15). Não era hábito dar ao filho o nome do pai, dado que os povos daquela zona, como muitos outros povo, diferenciavam as pessoas de um certo clã acrescentando o nome do pai (como Simão filho de Jonas; No caso de João, talvez a avançada idade do pai sugerisse um procedimento diferente.

O dar o nome à criança poderia caber tanto ao pai como à mãe. O Antigo Testamento está repleto de exemplos que atestam este costume. O facto de Isabel indicar «João» como nome da criança provocou certa objeção, talvez por ser hábito nessa altura escolher um nome que já existisse na família, o que não seria o caso de «João». Zacarias, mudo desde a aparição do anjo, pediu uma placa para confirmar: «João é o seu nome». Fica assim reconhecida a autoridade da mensagem divina. Já Deus, por meio do anjo, tinha dito a Zacarias qual seria nome do seu filho: João, que significa «Yahweh concede graça» (Yo-hānan).

Os momentos incompreensíveis que os vizinhos viveram, o facto de velhos terem um filho e tudo o que rodeou, causam admiração e um certo sentimento de algo mais profundo. Aquela criança era diferente das outras: Que virá a ser aquele menino? O que é que Deus quer dela? O texto termina laconicamente, não respondendo diretamente à questão, mas apontando para a sua manifestação a Israel.


Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro (adaptação)