domingo, 26 de fevereiro de 2012

I Domingo da Quaresma - 26 de Fevereiro

Tema: "Convertei-vos e crede no Evangelho"

1ª Leitura: Gen 9, 8-15

2ª Leitura: 1 Ped 3, 18-22

Evangelho: Mc 1,12-15


Mensagem:
Na cena do Baptismo (Mc 1,9-11) temos a manifestação do Pai a mostrar que Jesus é Filho de Deus. Na referência à tentação (Mc 1,12-13) temos a manifestação dos anjos e demónio, mostrando-nos que Jesus é verdadeiro homem, pela tentação do pecado.

"Tentação de Jesus no Deserto"
Pintura de William Brassey Hole
O deserto é uma realidade com duas faces: geográfica e teológica. Geograficamente, é o deserto da Judeia, entre Jerusalém e Belém, Jordão e Mar Morto. Teologicamente, todo o deserto, na Bíblia, tem 2 dimensões: é o lugar povoado por espíritos malignos, onde o homem tem medo de passar. De tal modo que só os homens corajosos e de fé passavam pelo deserto. Era o lugar da luta interior. Mas também é o lugar do encontro com Deus, convívio interior com Deus. Deus revela-se face a face com o homem no deserto do Sinai; é assim que Israel encontra no deserto o Senhor, mas também foi no deserto que foi tentado.

Marcos diz-nos que Jesus foi tentado durante 40 dias. 40 é um número sagrado, de plenitude, simbólico (é 10, número da perfeição com a multiplicação por 4, ou seja, o número dos pontos cardeais).

A Sagrada Escritura reconhece o valor sagrado deste número: 40 dias durou o dilúvio; 40 dias demoraram os israelitas a atravessar o deserto do Egipto ao Sinai; 40 dias esteve Moisés no alto do Sinai face a face com Deus; 40 anos demorou o povo a chegar à terra prometida; 40 dias demorou Elias a ir da Palestina até ao Horeb.

Marcos não diz em que consiste a tentação, mas o facto de afirmá-lo, em atribuí-la ao demónio, mostra que Jesus teve que enfrentar as forças do mal logo desde o início da sua vida pública e depois ao longo dela.

Marcos não refere a fome de Jesus. Confrontando com os outros sinópticos vê-se o que há de comum: facto da tentação, 40 dias, deserto e demónio. Concluímos que a tradição oral antes de se escreverem os evangelhos já conhece os dados da tentação. Vemos que da parte de Marcos há uma tentativa de penetrar o mistério de Cristo à luz da teologia bíblica.
Embora não pareça exacta esta ilação, a referência aos animais ferozes dá a entender que houve como que uma convivência pacífica de Jesus com os animais ferozes. Jesus, vivendo no deserto em companhia dos animais, reintegra o homem na harmonia inicial do homem no paraíso. Há uma reconciliação do homem com a natureza.

E os anjos o serviam... Aqui pretende significar que Deus não deixa morrer à fome o seu ungido e o seu enviado. Deste modo, os anjos desempenham um papel contraposto ao dos demónios. Os anjos faziam de diáconos prestando serviços. Todos Os grandes intervenientes na história da salvação foram sujeitos a uma tentação.

O serviço dos anjos também nos leva ao paraíso, mas de um modo contrário. Para o homem pecador, os anjos têm um papel de castigar o homem tentado; agora ajudam o homem tentado, mas vencedor. Cristo tentado mas vencedor, servido pelos anjos, é uma garantia de salvação.

"Cristo no deserto servido por Anjos" (1653) de Charles Le Brun
Pintura exposta no Museu do Louvre, Paris

Há duas condições para entrar neste processo do Reino: Arrepender-se (metanoía) e acreditar. Arrepender-se significa arrepiar caminho, mudar o rumo para se voltar (converter) para Deus. A conversão é uma mudança radical. Deve mudar a atitude interior e a conduta exterior. Converter-se é voltar-se para Deus em atitude de obediência e acolher com alegria a sua soberania. O Evangelho é a possibilidade de experimentar alegremente a soberania de Deus na própria vida.

E é preciso acreditar, não apenas em verdades, mas n’Aquele que é a Verdade, o anunciador e o próprio Evangelho. Acreditar é confiar em Jesus Cristo que vem como resposta às nossas interrogações. Para quem aceita estas duas condições, o Reino oferecido de graça, como dom, será para ele realmente uma Boa Nova.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro  (adaptação) 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Quaresma: Tempo de Fraternidade e de Esperança


Mensagem de Quaresma de D. António Francisco, Bispo de Aveiro


Caros Diocesanos

1.Na mensagem que nos dirige para esta Quaresma, o Santo Padre Bento XVI inspira-se na palavra da Carta aos Hebreus: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Heb 10,24).

O Santo Padre diz-nos que na sociedade prevalecem a indiferença, o desinteresse e o egoísmo, mesmo quando mascarados por uma aparência de respeito pelo outro. Por isso, não podemos estranhar a actualidade da palavra dorida de Paulo VI ao afirmar que «o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: o mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem dos recursos do universo» ( Populorum Progressio, 66).

Importa cultivar um olhar de fraternidade e de esperança que transforme o coração indiferente diante do sofrimento humano e endurecido perante as injustiças sociais num coração que vê com um olhar «feito de humanidade e de carinho pelo irmão… olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa» (Mensagem da Quaresma de Bento XVI).

Esta mensagem de Bento XVI, dirigida a todo o mundo, encontra a Europa e Portugal num momento complexo da sua história vivido com acrescidas dificuldades que pesam sobretudo sobre os mais frágeis, os mais pobres e os mais sós.

Neste Ano Europeu do Envelhecimento Activo e do Diálogo Intergeracional e em flagrante contraste com quanto nesta iniciativa se pretende, temos sido confrontados pelas notícias frequentes de idosos sós, condenados a morrer ao abandono. Também aqui somos chamados a este olhar atento e a este dom recíproco de um amor próximo, vizinho e irmão de cada um de nós pelos outros. As comunidades cristãs têm aqui um campo imenso de presença e de acção.

Importa saber olhar os idosos como um dom de vida e de bênção e como uma escola de sabedoria onde o futuro já começou e diariamente se aprende.

Mais do que lamentarmo-nos pelo declínio de uma civilização em fim de ciclo, que a presente crise social indicia, devemos ser capazes de iluminar o mundo com a luz transformadora que nos vem da Páscoa de Jesus. Importa cultivar este olhar de fraternidade que pressente no horizonte sinais de esperança. Um olhar atento é sempre fonte de sabedoria e de fraternidade a dizer-nos que um futuro justo e solidário não é um destino distante nem um caminho inacessível.

2. A Quaresma é para os cristãos, e deve ser através deles para todo o mundo, um convite a cultivar este olhar de fé, de esperança e de fraternidade e a sonhar o mundo novo das bem-aventuranças que cada Páscoa nos traz.

A Quaresma é caminho rumo à Páscoa de Jesus e oferece-nos tempo, oportunidade e sentido para a oração em família e em comunidade, para a vivência do jejum e da sobriedade, para a celebração dos sacramentos e para o exercício da solidariedade humana e da caridade cristã.

A Páscoa é para quem acredita em Jesus, vivo e ressuscitado, a fonte da alegria, da esperança e da força transformadora das realidades do mundo. A Páscoa é a luz da Vida Nova no Ressuscitado e o caminho de renovação e de esperança para o mundo. Ela é o alicerce firme da nossa perseverança e constância mesmo nos momentos mais difíceis da história humana e abre horizonte a este olhar de fraternidade aprendido de Cristo no Evangelho e concretizado no viver diário da Igreja e no agir solícito e interventivo dos cristãos em todos os domínios da vida social.

Assim, também, na nossa Igreja diocesana que vive este tempo como abençoada expectativa da Páscoa de Jesus. Centrados na família, ao longo da etapa pastoral agora vivida, cultivamos este olhar atento para as famílias que somos e para a nossa Igreja, fraternidade de famílias que confirma a esperança. Preparamos, em cada dia que passa e em cada sinal de comunhão que damos, a Festa das Famílias a celebrar em 20 de Maio, em pleno tempo pascal, como verdadeira expressão da alegria de sermos Igreja de Aveiro.

No horizonte próximo está o Jubileu da restauração da nossa Diocese e a Missão Jubilar que desde já preparamos. Somos uma Igreja em missão jubilar pela alegria que nos envolve, pelos objectivos que nos propomos, pelos caminhos que abrimos, pelo testemunho de vida fraterna que damos e pelas bem-aventuranças do Reino que anunciamos. Mas isto só será possível se acolhermos o dom de Deus e vivermos atentos aos irmãos segundo o mandamento novo de Jesus. «Por isso é que todos conhecerão que sois meus discípulos. Se vos amardes uns aos outros» ( Jo 13, 35).

3. Em cada Quaresma, somos convidados a uma experiência mais significativa de renúncia daquilo que, por vontade livre e generosa, queremos partilhar com pessoas e instituições que servem esta causa comum do amor fraterno. Nesta Quaresma vamos orientar este sentido de dom e este esforço de partilha para a Casa Sacerdotal da nossa Diocese, já em fase avançada de construção, onde queremos acolher os sacerdotes doentes e idosos, e para a Diocese de Luena, em Angola, à qual nos unem laços de comunhão, fortalecidos pela presença de membros da nossa Igreja Diocesana que aí têm realizado voluntariado missionário.

Também com estes gestos cultivamos um olhar atento de fraternidade, de comunhão e de esperança.

Uma santa e fecunda Quaresma.

António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012

VII Domingo do Tempo Comum - 19 de Fevereiro

Tema: "Filho, os teus pecados estão perdoados"

1ª Leitura: Is 43, 18-19.21-22.24b-25;

2ª Leitura: 2 Cor 1, 18-22

Evangelho: Mc 2, 1-12



Mensagem: 
Depois de ter saído a pregar por toda a Galileia, Jesus regressa a Cafarnaum, a casa de Simão. O sucesso anterior, marcado pelo ensino na sinagoga e pelas curas realizadas, atraíram naturalmente muita gente para junto dele, demasiada para o pequeno espaço duma casa. De alguma forma, a «casa» cheia de gente está a representar a comunidade cristã que se reúne para ouvir a Palavra de Deus. Também estavam presentes alguns escribas como privilegiados, isto é sentados, o que significa uma atitude estática.

E Jesus anunciava-lhes a Palavra. A «palavra» de Jesus é uma palavra operante, não consiste apenas em falar mas também em agir. Por outro lado, com este termo Marcos evoca toda a pregação da proximidade do Reino e da necessidade de conversão para nele entrar. João Baptista já tinha convidado toda a gente ao arrependimento para receberem a remissão dos pecados que viria com o Reino.

O mal físico é contra o projeto inicial de Deus criador e trata-se dum acrescento devido ao pecado da criatura. Para os escribas presentes apenas Deus podia curar o paralítico, mas só depois de lhe perdoar os pecados, porque a doença era uma consequência do pecado.

Assim, entende-se o facto de Jesus afirmar: «Os teus pecados são perdoados!». Os escribas pensam que Jesus blasfema ao assumir uma autoridade que só a Deus pertence. O escândalo seria o mesmo se Ele tivesse dito em nome pessoal: «Levanta-te e anda!». Qualquer uma destas ações pertencia apenas a Deus. Marcos não passa por cima desta maneira de pensar, já que a expressão que põe na boca de Jesus é com um verbo na voz passiva. Trata-se do «passivo divino» em que o sujeito é sempre Deus. O que o evangelista quer pôr em evidência é que é o próprio Deus quem perdoa os pecados, mas por meio de Jesus, seu Filho e Messias.

O que espanta neste texto é o facto de Jesus realizar uma ação que tem a ver com um indivíduo, a partir da fé do grupo. O perdão de Deus é gratuito, não está condicionado pela atitude da pessoa, como mera consequência duma atitude de arrependimento.

Todo o acento desta passagem está no facto de o poder de perdoar estar presente em Jesus de Nazaré, o Filho do Homem, que ocupa o lugar de Deus. O sinal visível deste poder está no facto da cura: «Levantou-se... carregando o leito, saiu diante de todos.

A Palavra anunciada por Jesus, a Boa Nova do Reino de Deus, é uma palavra que envolve toda a pessoa e a pessoa toda.

"Jesus cura o Paralítico em Cafarnaum"
Pintura de James Tissot

 Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro  (adaptação)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

VI Domingo do Tempo Comum - 12 de Fevereiro

Tema: "Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação."

1ª Leitura: Lev 13,1-2.44-46

2ª Leitura: 1 Cor 10,31-11,1

Evangelho: Mc 1,40-45



Mensagem:
A pobreza, esterilidade, qualquer desgraça e a doença eram um sinal de que a pessoa tinha sido castigada por Deus por causa do seu pecado.

Entre as doenças, a lepra ocupava um lugar especial porque excluía a pessoa da comunidade, não apenas por motivo de contágio, mas como uma verdadeira excomunhão. Tratava-se duma «impureza» irremediável. O leproso, na proximidade de alguém, devia gritar: «Impuro, impuro!», mantendo-se à distância. Nem pensar em entrar numa sinagoga ao sábado e, muito menos, em ir ao templo de Jerusalém…

É fundamental ler pausadamente o texto que o evangelista Marcos nos apresenta pois, mais do que contar como se deu uma cura, ele pretende fazer catequese acerca de Jesus.

O leproso quebra a lei, aproximando-se de Jesus que, por sua vez, não se afasta. O que o leproso pede vai muito além duma cura que, por si, já era considerada impossível, apenas reservada a Deus (2Rs 5,7). Ele quer ser «purificado», isto é, reintegrado na comunidade, voltar à sua dignidade de membro do Povo de Deus.

"Jesus cura um leproso" de William Hole
                                                                                     
A primeira atitude de Jesus é descrita com um verbo: «compadecendo-se...», que significa «ter vísceras de compaixão, experimentar comoção visceral, misericórdia e ternura»; é o apertar do coração perante qualquer miséria humana. É assim que Jesus age.

O segundo aspeto mais significativo é que Jesus estendeu a sua mão e tocou-o, estabelecendo um contato físico que implica pelo menos duas coisas: primeiro, Jesus parece querer contagiar-se por aquele doença, como que quisesse tomá-la sobre si, para libertar aquele homem; segundo, Jesus ultrapassa a legislação sobre a impureza (cf. Lv 13-14), segundo a qual a lepra contaminava toda a gente e, portanto, o leproso devia ser considerado um pecador, um amaldiçoado por Deus, um homem que devia ser excluído do culto. Jesus, em vez de se afastar ou o afastar a ele, aproxima-se, toca nele e cura-o, aceitando o risco de se contagiar. Depois de ter «purificado» o leproso, Jesus quer reintegrá-lo oficialmente no povo de Deus, mandando-o aos sacerdotes para que reconheçam a sua cura.

A presença do antigo leproso junto dos sacerdotes deve servir também de testemunho para eles. Uma cura daquelas só podia ser realizada por ação de Deus. Por isso, a cura do leproso era um sinal evidente de que o Reino estava já presente no meio deles: O facto devia servir aos líderes do Povo para concluírem que o Messias tinha chegado e que o “Reino de Deus” estava já presente no meio do mundo. Os novos tempos – o tempo do Messias – tinham chegado.

A ordem de não divulgar o acontecimento, que não é cumprida, insere-se no «segredo messiânico». Uma vez mais, Jesus não quer ser apenas um Messias corporal, um curandeiro extraordinário. Por isso, a ordem: «Não digas nada a ninguém».

Os papéis invertem-se. Antes, era o leproso que vivia afastado de tudo e de todos. Agora é Jesus que já não pode entrar numa cidade. Está fora, em lugares desertos, onde todos o vêm procurar, conscientes do seu acolhimento.


Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro  (adaptação)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Abrirei a minha boca em parábolas

Na nossa catequese “Abrirei a minha boca em parábolas”, as parábolas de Jesus foram-nos apresentadas no quadro seguinte:

(clique na imagem para ampliar)
(clique nas imagens para ver em detalhe)

Estas parábolas ajudaram-nos a perceber em que consiste o reino de Deus e como o podemos construir e dar testemunho dele. Assim, sempre que fazemos o bem, seja a quem for, respeitando os nossos superiores, os nossos pais e avós, amigos, professores, empregadas, não dizendo palavrões nem fazendo asneiras, indo à Eucaristia e rezando…, estamos a ser como o fermento na massa.

Esta parábola do fermento faz-nos lembrar também os Pastorinhos de Fátima, que sendo mais novos do que nós, se tornaram um verdadeiro fermento para todo o mundo nas suas atitudes e gestos e, particularmente, na sua simplicidade, bondade, oração e coragem.

Vamos procurar construir o Reino de Deus sendo mais amigos de Jesus e mais amigos uns dos outros para que haja sempre paz e amor entre todos nós.

6º Ano de Catequese da Igreja

domingo, 5 de fevereiro de 2012

V Domingo do Tempo Comum - 5 de Fevereiro

Tema: "Todos te procuram"

1ª Leitura: Job 7,1-4.6-7

2ª Leitura: 1 Cor 9,16-19.22-23

Evangelho: Mc 1,29-39

Mensagem:
"A cura da sogra de Pedro"
Jesus sai da sinagoga acompanhado com o gérmen da comunidade (os primeiros quatro discípulos) e dirige-se à cada de Simão, onde estava hospedado. A partir daqui, o texto desenvolve-se em três breves quadros.

No primeiro quadro, Jesus é uma vez mais confrontado com o mal, aqui referido genericamente como febre. Os discípulos parecem ter aprendido algo acerca de Jesus. Por isso, já não ignoram o problema mas falam dele para que Jesus aja.

Em palavras simples, Marcos apresenta a atitude de Jesus: aproxima-se, toma pela mão e levanta a sogra de Simão. Jesus faz-se próximo, sem medos nem os preconceitos sociais que impedem um Mestre de ter atitudes pouco dignas da sua posição, como falar ou estar próximo duma mulher. E levanta-a. O verbo grego (egeirein) é o mesmo que significar «ressuscitar». Jesus comunica-lhe a vida de que ela estava impedida, coloca-a de pé. A sogra de Simão fica completamente restabelecida. Esta forma simples de narrar, pondo em relevo o poder e a grandeza de Jesus, também apresenta um ensinamento claro. Quem sente a nova Vida comunicada por Jesus, coloca-se naturalmente ao serviço dos outros: pôs-se a servi-los.

O segundo quadro apresenta-nos, num sumário típico de Marcos, a atitude geral de Jesus em relação ao mal, aqui descrito como doentes e endemoninhados. É ao fim da tarde, depois do pôr do sol, no final do descanso de Sábado, com as suas proibições de fazer qualquer trabalho, que as pessoas se aproximam carregando os que precisavam de cura.

Os gestos de cura são sinais da cura mais profunda que Jesus, o Filho de Deus, quer realizar. Uma vez mais Jesus cura muita gente, mas não quer uma publicidade que possa distorcer o sentido profundo da sua messianidade. É o chamado «segredo messiânico, caraterística do evangelho de Marcos, que só à luz da Cruz se pode revelar completamente.

No terceiro quadro vemos Jesus retirado em oração. No dia anterior participou na oração comunitária. Agora está em oração pessoal, em contacto íntimo com o Pai, onde encontra a força para continuar a sua missão, a sua caminhada. Por isso, enquanto os discípulos, que tinham visto os seus prodígios, o procuram para o reterem, Jesus anuncia que tem de continuar a sua caminhada, pois a ação de Deus é para todos, em toda a parte.

Fonte: Boa Nova - Diocese de Aveiro  (adaptação)