Mostrar mensagens com a etiqueta História. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta História. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Assunção de Nossa Senhora


"Assunção da Virgem" (1774) de Martin Knoller
Pintura exposta no Museu do Louvre, Paris

A 15 de Agosto celebra-se a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, declarada como dogma da Igreja Católica em 1950. O dogma da Assunção define como verdade que a Mãe de Deus, no fim de sua vida terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial.

Esta festividade lembra como a Mãe de Jesus Cristo recebeu a recompensa de suas obras, dos seus sofrimentos e virtudes. Não tendo o pecado penetrado nunca na sua alma puríssima, era conveniente que o seu corpo, isento de toda mancha e do qual o Verbo se dignou encarnar, não chegasse a sofrer a corrupção do túmulo. Ela, que durante a vida terrestre desempenhou um papel único e singular, com o dia da gloriosa Assunção começou a ocupar um lugar no céu que a distingue e glorifica.

Apesar da declaração do dogma da Assunção de Nossa Senhora ser contemporâneo e o mais recente dos dogmas marianos, a devoção popular pela Assunção de Maria em corpo e alma aos Céus encontrou suas primeiras manifestações nos primeiros anos do Cristianismo. Padres da Igreja e teólogos expuseram com grande clareza, ao longo dos séculos, o significado da Assunção e sua profunda conexão com as demais verdades já reveladas, muito contribuindo na progressiva divulgação deste privilégio da Virgem Maria. A esses testemunhos litúrgicos e teológicos cabe acrescentar numerosas expressões da piedade popular, entre elas a dedicação de um dos mistérios do Rosário a essa verdade.

Tal consenso eclesial é apontado pelo Papa Pio XII, no dia 1º de Novembro de 1950, numa cerimónia solene na Basílica de S. Pedro, como argumento fundamental para a proclamação dogmática da Assunção. A verdade desta glorificação única e completa da Santíssima Virgem foi declarada, ex cathedra, com as seguintes palavras definitórias:

"Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus omnipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu".
"Assunção da Virgem Maria" (1600) de Annibale Carracci
Pintura da Igreja Santa Maria del Popolo, Roma

 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Solenidade do Corpo de Deus

Corpo de Deus é uma Festa que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia, realizada na quinta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade, 60 dias após a Páscoa.

A origem da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo remonta ao ano de 1264 quando o Papa Urbano IV estava em Orviedo e, subitamente, o Santo Padre teve conhecimento de um milagre na cidade vizinha: o pároco local, o Padre Pedro de Praga, tinha sérias dúvidas da presença de Cristo na Eucaristia e, certo dia, no momento da Consagração, o Padre viu a Hóstia transformar-se, nas suas mãos, num pedaço de carne derramando sangue sobre o altar.

A notícia do milagre espalhou-se rapidamente pela região. Informado dos detalhes, o Papa ordenou que as relíquias fossem trazidas até Orviedo, com direito a todas as venerações e solenidades devidas. As relíquias foram recebidas pelo Papa Urbano IV e levadas para a Catedral de Santa Prisca, ocorrendo assim a primeira procissão do Corporal Eucarístico.

Pouco depois, em 11 de Agosto do mesmo ano, o Papa emite a bula Transiturus, pela qual determina a solene celebração da Festa de Corpus Christi em toda a Igreja. Em Portugal, a Festa do Corpo de Deus começou a ser celebrada em 1282, por ordem de D. Dinis.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Resumo da História de S. Marcos

S. Marcos
Marcos é mencionado como companheiro de S. Paulo nos “Atos dos Apóstolos”, sendo referenciado como um dos servos ou fundadores da Igreja de Alexandria uma das principais sedes do cristianismo primitivo do oriente. De acordo com a Igreja Copta, Marcos nasceu em Cirene na Pentapolis, na antiga Líbia. Marcos era filho de Maria de Belém e primo de Barnabé e já se havia convertido ao Cristianismo quando Paulo e Barnabé chegaram a Jerusalém, trazendo os auxílios da Igreja de Antioquia (atual Turquia).

O seu nome aparece nas epístolas de S. Paulo, que se refere a ele como um dos seus colaboradores que enviaram saudações a Roma. Acompanhou Paulo e Barnabé a Antioquia, na hoje Turquia, onde atuou como auxiliar de Paulo, mas voltou a Jerusalém quando chegaram a Perge, na *Panfília. Na sua ação evangelizadora terá embarcado para Chipre na companhia de seu primo Barnabé regressando mais tarde a Roma como colaborador de Paulo, prisioneiro naquela cidade. Em Roma terá entrado em contacto com Pedro, pois este dirigindo-se aos fiéis de Ponto, Galácia e Capadócia, na Ásia e Bitínia, saúda-os em nome do Evangelista, a que afetuosamente chama de filho.
S. Marcos

Certamente terá sido em Roma que escreveu o Evangelho (50 – 70) que traz o seu nome e que compila e reproduz a catequese de Pedro. É um Evangelho que se destina aos cristãos provenientes do paganismo e tem um estilo simples, vigoroso e com 661 versículos. No século II, o bispo Pápias de Hierapolis, na Anatólia, afirmou que ele teria sido intérprete de S. Pedro.

Um escrito de metade do séc. IV refere que este na sua “peregrinação” apostólica de Pentapolis terá ido para Alexandria tendo os pagãos da cidade ficado ressentidos com os seus esforços para converter os alexandrinos da religião tradicional helénica (grega) para o Cristianismo, e no dia 25 de Abril, colocando-lhe uma corda ao pescoço arrastaram-no pelas ruas desta cidade atirando-o no dia seguinte para o cárcere sofrendo um tormento atroz e onde viria a sucumbir. Por isso a Igreja Católica festeja-o nesta data de seu martírio.

Foi considerado também fundador da cidade de Veneza e as suas relíquias foram “roubadas” em Alexandria por dois mercadores venezianos e trazidas para essa cidade, tendo sido construída uma basílica para guardá-las, chamada “Basílica de S. Marcos”.

O lugar de Fradelos da Paróquia de S. Vicente da Branca, desde a Idade Média Baixa, pelo menos, adotou-o como seu patrono.

S. Marcos pregando em Alexandria, no Egito, sendo considerado o fundador da Igreja nestas longínquas terras do Oriente

Origem do topónimo de Fradelos, seu oráculo e primeira Capela

O topónimo de Fradellos tem origem num pequeno hospício de frades que existiu nas imediações da antiga capela deste lugar. Ora Fradelos vem de Frater Fratis, frades.

Na Idade Média Baixa até à Idade Moderna (inclusivé) era frequente a existência de pequenos hospícios de frades que podiam ter entre quatro a dez monges.

No local da capela antiga existiu um oráculo medieval, desconhecendo-se se foi ou não fundado pelos ditos frades, mas tudo leva a crer que sim. A existência destes pequenos “conventos” era mais frequente, sobretudo, na região entre Douro e Minho, mas também noutras zonas do reino como é o caso.

Através fontes documentais consultadas tanto na Torre do Tombo, como no Livro de Registos do Cabido da Sé de Coimbra, disponível nos Arquivos da Universidade coimbrã, constatamos que pelo menos desde finais da Idade Média Baixa até meados da Idade Moderna já existia a capela de S. Marcos o que revela a sua antiguidade.

Nas Memórias/Informações Paroquiais datadas de 17 de Maio de 1721, em resposta ao Cabido da Sé de Coimbra, a cuja diocese a freguesia da Branca pertencia na altura, o prior João de Sousa Menezes já fala na existência da Capela de Sam Marcos em Faradellos. Por sua vez Manuel Amaro de Sousa , prior da Branca, nas Memórias Paroquiais de 3 de Maio de 1758, enviadas ao bispado de Coimbra relata , entre outras, a existência da capela de S. Marcos em Faradellos (Fradelos), “sendo da freguesia e no(s) dia(s) do(s) mesmo(s) Santo(s), se canta nela(s) e se diz missa a que assiste algum povo”. Na parte que diz respeito à “Notícia da Serra”, do mesmo documento, referindo-se àquilo a que consideravam ser a “Serra de S. Julião” refere que alguma parte desta serra se encontra cultivada e na qual se encontrava o lugar de Fradelos.

Mais tarde e após a criação das Juntas de Paróchia (Paróquia) através do decreto régio nº. 25, de 26 de Novembro de 1830, em Angra do Heroísmo, que se delineou a estrutura do poder local português, a nível de freguesias, no contexto de uma sociedade em organização e de uma sociedade ligada ao antigo regime, daí até à 1ª. República os presidentes das Juntas de Paróquia eram os párocos e por várias vezes , isto é, no século XIX é citado o pagamento por parte desta entidade das missas festivas de S. Marcos.

Com a vinda do Padre Conde nos anos 20 do século XX, a referida capela sofreu uma grande intervenção e remodelação até à atualidade.