domingo, 4 de novembro de 2012

XXXI Domingo do Tempo Comum - 4 de Novembro

Tema: Amarás o Senhor teu Deus. Amarás o próximo.

1ª Leitura: Deut 6, 2-6;

2ª Leitura: Hebr 7, 23-28;

Evangelho: Mc 12, 28b-34.

Mensagem:

O texto de hoje situa-nos já no terceiro dia que Jesus passa na cidade santa. Tinha realizado o gesto da expulsão dos vendedores no Templo, desafiando os interesses e a autoridade do sumo-sacerdote. Por isso teve que responder aos sumos sacerdotes, os doutores da Lei e os anciãos que vieram pedir-lhes contas da sua acção. Também os fariseus e partidários de Herodes se dirigiram a Jesus com perguntas manhosas, com a intenção de o apanhar em falso. Igualmente alguns da classe sacerdotal, isto é, dos saduceus, vieram com perguntas habilidosas, quase querendo ridicularizar Jesus.

O escriba do texto de hoje deve ter sido testemunha de todos estes debates e até ficou satisfeito com as respostas que Jesus foi dando aos seus interlocutores, a ponto de os fazer calar.

Para um judeu piedoso, que quisesse ser cumpridor da Lei de Deus, surgiam muitos obstáculos. E o grande obstáculo era a forma como, ao tempo de Jesus, era apresentada esta mesma Lei, contida nos cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco, em 613 preceitos (248 positivos e 365 negativos) que deviam ser escrupulosamente cumpridos. Qualquer falha representava sempre um pecado grave porque era contra a Lei de Deus.

É com esta mentalidade que se deve entender a maior parte das polémicas entre os escribas, os fariseus, e Jesus, a propósito de assuntos que à nossa mentalidade actual causa estranheza (colher algumas espigas em dia de sábado, não lavar as mãos antes de comer, curar no dia sagrado de Sábado…).

É verdade que nem todos os mestres viam as coisas deste modo. Algumas dezenas de anos antes de Jesus, houve um mestre, Hillel, homem inteligente e cordato, que resumiu a Lei desta maneira: «O que não desejas para ti, não o faças ao teu próximo; esta é toda a Lei, o resto é apenas comentário. Vai e aprende isto».

O escriba que Marcos nos apresenta é um homem sincero, não satisfeito com o modo de pensar do seu tempo nem simplesmente alimentar discussões sobre pormenores, que até ficou satisfeito com as respostas que Jesus deu a todos. Ele quer saber a opinião daquele mestre que arrasta multidões: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».

Jesus não se limita a responder directamente à pergunta mas vai mais longe, unindo na sua resposta citações de dois livros diferentes: o Deuteronómio (6,4-5), com o Shemá (Escuta,…), que todo o judeu recita duas vezes ao dia, em que é apresentado o Deus Único e o amor incondicional a Ele; e o Levítico (19,18) que dá a medida do amor ao próximo: como a si mesmo. Apresenta assim aquilo que entende ser a essência da vida religiosa. Os primeiros cristãos entenderam bem o radicalismo desta afirmação de Jesus. Mais tarde, S. João dirá: «Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê» (1Jo 4,20). E também S. Paulo: «Toda a lei cumpre-se plenamente nesta única palavra: ama o teu próximo como a ti mesmo». (Gl 5,14)

O escriba também entendeu e coloca este amor em duas vertentes indivisíveis acima de todo o acto de culto, acima de todos os holocaustos e sacrifícios realizados no templo, os quais só terão sentido se forem realizados numa linha de amor. Vê-se claramente que é alguém habituado a olhar para a Lei já com o filtro do resto da Escritura, isto é, como a foram entendendo os profetas e os sábios de Israel ao longo dos tempos.

Jesus não explica mais nada. Limita-se a verificar que aquele escriba é diferente porque anda à procura, porque está aberto a Deus e não encerrado no emaranhado dos preceitos e dos mandamentos. Daí a resposta: «Não estás longe do Reino de Deus».

Fonte: Boa Nova de Domingo - Diocese de Aveiro (adaptação)   

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